Higiene e segurança do trabalho: entenda a relação
De forma resumida, podemos dizer que promover higiene e segurança do trabalho consiste em adotar ações que evitam que a saúde dos colaboradores da sua empresa seja colocada em risco.
O objetivo dessas duas práticas é proporcionar aos funcionários um ambiente adequado, saudável e seguro para o exercício das suas funções, livre de questões que impactam negativamente a sua condição física e/ou mental durante o expediente.
É importante destacar também que higiene e segurança do trabalho estão diretamente relacionadas ao desempenho e à produtividade dos profissionais.
Somado a isso, ajudam a garantir mais qualidade de vida, colaboram para que a organização não tenha gastos provenientes de afastamentos médicos, bem como contribuem para evitar outros transtornos relacionados à ausência dos profissionais por questões de saúde.
A questão é que muitos ainda consideram que higiene é apenas manter os locais de trabalho limpos, e que segurança é somente evitar acidentes de trabalho. No entanto, essas duas abordagens vão muito além disso.
Neste artigo, você vai conferir detalhes sobre os conceitos de higiene e segurança do trabalho, qual a relação entre os dois, e como aplicar no dia a dia da sua empresa.
Por isso, continue a leitura e entenda tudo sobre esse tema!
O que se entende por higiene no ambiente de trabalho?
Como dissemos anteriormente, higiene e segurança do trabalho não se limitam a ambientes limpos e orientações sobre o risco de acidentes.
Higiene do trabalho é uma ciência que visa proteger a integridade e a saúde dos profissionais durante o exercício das suas funções em uma empresa.
Segundo as diretrizes da ACGIH, American Conference of Governmental Industrial Hygienists, em português, Conferência Americana de Higienistas Industriais Governamentais, a higiene no ambiente de trabalho deve ser dividida em três etapas:
- reconhecimento;
- avaliação;
- controle.
Reconhecimento
Na fase do reconhecimento, os profissionais responsáveis por esse setor devem procurar, por toda a companhia, agentes que podem causar prejuízos à saúde dos trabalhadores, por exemplo, gases, poeira, fluidos, entre outros.
Avaliação
Na segunda etapa, a de avaliação, devem ser realizados testes quantitativos e qualitativos com o objetivo de identificar o perfil dos agentes identificados anteriormente, que podem ser físicos, químicos e biológicos.
Controle
Por fim, a fase de controle da higiene ocupacional consiste em, com base nos resultados da avaliação, adotar medidas que ajudem a minimizar, ou mesmo eliminar, os riscos encontrados.
Como promover a higiene no local de trabalho?
A promoção da higiene no local de trabalho é, assim como a garantia de segurança, uma forma de zelar pela saúde física, mental e emocional dos trabalhadores.
Prestar serviço em ambientes insalubres, sujos e/ou em contato com substâncias que podem provocar doenças, afeta o bem-estar e a qualidade de vida dos colaboradores dentro e fora da empresa.
Vale destacar que funcionários acometidos por doenças tendem a se afastar das suas atividades laborais. Situações como essa podem afetar seriamente o dia a dia dessas pessoas e, por vezes, a rotina da família e até a parte financeira.
No entanto, os gestores precisam ter em mente que esses afastamentos também impactam negativamente no fluxo de trabalho e até a atuação dos outros profissionais que seguem suas atividades.
Apenas para ilustrar essa percepção, quando se tem um funcionário afastado é preciso que outro cubra a sua ausência. Quando isso acontece, quem continua trabalhando pode se sentir sobrecarregado e, consequentemente, insatisfeito.
Como resultado, pode haver perda da qualidade do que está sendo entregue, o não cumprimento de prazos e até mesmo atritos com líderes e colegas.
Além dessas questões, há também a parte financeira, visto que não raras vezes a empresa precisa pagar horas extras para o colaborador que está suprindo a ausência de quem está em afastamento médico.
Um meio de evitar todos esses problemas é adotando boas práticas de higiene no trabalho. Alguns bons exemplos são:
- adote procedimentos de limpeza específicos para cada ambiente;
- trate corretamente o lixo gerado na empresa;
- oriente os funcionários sobre medidas preventivas;
- atente-se ao manejo e preparação dos alimentos.
Adote procedimentos de limpeza específicos para cada ambiente
Cada área de uma empresa tende a ter uma necessidade de higienização distinta, de acordo com o grau de sujidade e riscos de contaminação gerados no ambiente. Por esse motivo, não é indicado seguir o mesmo padrão de limpeza em todos os setores e salas.
Desse modo, para manter a higiene e segurança no local de trabalho é primordial definir e adotar procedimentos de limpeza específicos para cada área, o que inclui detalhes como frequência de higienização, produtos utilizados, forma de manuseio dos resíduos, entre outros relacionados.
Trate corretamente o lixo gerado na empresa
O tratamento do lixo segue o mesmo princípio, ou seja, deve ser manuseado e conduzido de acordo com o seu potencial de contaminação e risco físico, químico e biológico.
Descartes incorretos afetam a higiene e segurança do local de trabalho, especialmente considerando que pode causar sérios acidentes. Mas além disso, a empresa precisa ter em mente que a maneira como trata seus lixos impacta também em quem está ao redor e na natureza de modo geral.
Oriente os funcionários sobre medidas preventivas
Se de um lado cabe à companhia garantir a higiene e segurança do local, do outro os funcionários também precisam fazer a parte que lhes cabe. Mas, para isso, é essencial orientá-los adequadamente sobre quais devem ser as posturas e comportamentos adotados para manter os espaços limpos e seguros.
Pequenas palestras, vídeos informativos, banners, entre outros materiais, podem ser utilizados para explicar o que pode ser feito em cada área da empresa — por exemplo, não levar comida para os escritórios ou setor de produção, deixar o banheiro limpo após o uso, entre outros.
Atente-se ao manejo e preparação dos alimentos
São muitas as companhias que fornecem refeições para os colaboradores, as quais são preparadas em cozinhas próprias. Essa prática requer atenção redobrada, visto que alimentos contaminados podem afetar seriamente a saúde dos funcionários.
Do armazenamento correto à preparação, os processos devem ser orientados e acompanhados por especialistas, a fim de evitar que os produtos estraguem e, consequentemente, causem transtornos a quem os consome.
Somado a isso, é necessário também pensar na questão nutricional, com o fornecimento de refeições balanceadas e compatíveis com a carga energética e calórica de cada cargo.
O que é segurança do trabalho?
Por segurança do trabalho entende-se todas as ações adotadas com o propósito de prevenir acidentes durante a execução das funções laborais.
Regida pela Norma Regulamentadora nº 4 – Serviços Especializados em Segurança e em Medicina do Trabalho – SESMT, o objetivo dessa prática é garantir a segurança dos profissionais e, consequentemente, a saúde física e mental, a qualidade de vida, e o bem-estar de todos.
De forma prática, a segurança do trabalho é formada por inúmeras medidas que têm o propósito de proteger os funcionários de uma empresa. Elas ajudam a orientar, prevenir, minimizar ou mesmo eliminar o risco de acidentes.
De modo geral, essas diretrizes são determinadas por um conjunto de profissionais da área, a exemplo dos técnicos de segurança do trabalho, médicos, enfermeiros e engenheiros do trabalho, além do RH da empresa.
Como proporcionar a segurança do trabalho?
A fim de proporcionar a segurança do trabalho, há uma série de medidas que uma companhia pode colocar em prática. Algumas das sugeridas são:
- garantir o fornecimento de EPIs, orientar sobre a forma certa de uso e fiscalizar essa utilização;
- verificar constantemente de demais regras de segurança estão sendo respeitadas;
- treinar adequadamente os profissionais sobre condutas e comportamentos que podem comprometer a segurança individual e coletiva;
- criar um manual de política de segurança, divulgá-lo e atualizá-lo constantemente;
- criar uma CIPA, Comissão Interna de Prevenção de Acidentes.
Qual a relação entre higiene e segurança do trabalho?
A relação entre higiene e segurança do trabalho é o cuidado com a saúde dos profissionais durante a execução das suas atividades laborais e enquanto esses estiverem no local de trabalho.
Em uma visão geral, ambas as práticas visam evitar situações que coloquem em risco a saúde e a qualidade de vida dos funcionários de uma empresa.
Também é possível dizer que tanto a higiene ocupacional quanto a segurança do trabalho são medidas preventivas.
A higiene do trabalho detecta previamente agentes que podem desencadear doenças físicas e/ou mentais nos profissionais e, com base nisso, cria ações para minimizar o máximo possível os danos, ou mesmo eliminá-los completamente.
Por sua vez, a segurança do trabalho segue normas, define e aplica técnicas que orientam os colaboradores sobre a importância de realizarem as suas tarefas seguindo práticas seguras para eles e para os demais profissionais.
Legislações que regulamentam essas práticas
É importante também que você saiba que a higiene e segurança do trabalho têm legislações específicas que devem ser seguidas por todas as empresas que contam com funcionários sob o regime de contratação CLT, Consolidação das Leis de Trabalho.
Em um total de 37 normativas, são elas:
- NR 1 – Disposições Gerais;
- NR 2 – Inspeção Prévia;
- NR 3 – Embargo ou Interdição;
- NR 4 – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho;
- NR 5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes;
- NR 6 – Equipamentos de Proteção Individual (EPI);
- NR 7 – Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO);
- NR 8 – Edificações;
- NR 9 – Programas de Prevenção de Riscos Ambientais;
- NR 10 – Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade;
- NR 11 – Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais;
- NR 12 – Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos;
- NR 13 – Caldeiras, Vasos de Pressão e Tubulações;
- NR 14 – Fornos;
- NR 15 – Atividades e Operações Insalubres;
- NR 16 – Atividades e Operações Perigosas;
- NR 17 – Ergonomia;
- NR 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção;
- NR 19 – Explosivos;
- NR 20 – Segurança e Saúde no Trabalho com Inflamáveis e Combustíveis;
- NR 21 – Trabalho a Céu Aberto;
- NR 22 – Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração;
- NR 23 – Proteção Contra Incêndios;
- NR 24 – Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho;
- NR 25 – Resíduos Industriais;
- NR 26 – Sinalização de Segurança;
- NR 27 – Revogada pela Portaria GM nº 262, 29052008 Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho no MTB;
- NR 28 – Fiscalização e Penalidades;
- NR 29 – Segurança e Saúde no Trabalho Portuário;
- NR 30 – Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário;
- NR 31 – Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária Silvicultura, Exploração Florestal e Aqüicultura;
- NR 32 – Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde;
- NR 33 – Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados;
- NR 34 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção e Reparação Naval;
- NR 35 – Trabalho em Altura;
- NR 36 – Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados
- NR 37 – Segurança e Saúde em Plataformas de Petróleo
Qual a importância da higiene e segurança do trabalho em uma empresa?
Além de atender às determinações legais, higiene e segurança do trabalho são importantes em decorrência de todos os riscos que os profissionais podem estar expostos durante a execução das suas tarefas.
Ou seja, a ideia é alcançar o que foi mencionado anteriormente: evitar que os funcionários adoeçam ou sofram algum tipo de acidente por conta das condições do local de trabalho.
Quanto aos riscos, estamos falando sobre os:
- físicos;
- químicos;
- biológicos;
- ergonômicos;
- psicossociais;
- mecânicos.
Riscos físicos
São considerados riscos físicos aqueles que podem afetar e/ou prejudicar os sentidos de uma pessoa, tais como:
- ruídos elevados;
- má iluminação;
- pressões hiperbáricas;
- temperaturas extremas (frio ou calor);
- umidade;
- vibração;
- radiação (ionizante e não ionizante).
Riscos químicos
Os riscos químicos são aqueles decorrentes de produtos, substâncias, compostos e outros agentes que podem afetar as vias respiratórias do trabalhador, como:
- gases;
- poeiras;
- vapores;
- neblina.
Também entram nesse grupo os impactos causados por toque ou exposição a agentes desse tipo.
Riscos biológicos
Entende-se por riscos biológicos os ocasionados por:
- bactérias;
- fungos;
- parasitas;
- vírus e outros agentes similares.
Um bom exemplo de risco biológico é a exposição ao coronavírus, que provoca a Covid-19, doença respiratória (infecção aguda) causada pelo coronavírus SARS-CoV-2.
Riscos ergonômicos
Por riscos ergonômicos temos os problemas relacionados a esforço físico, que comprometem a estrutura óssea e muscular do trabalhador.
Nesse cenário entram questões como:
- movimentos repetitivos;
- postura inadequada durante o uso de equipamentos;
- posições incorretas adotadas na execução das tarefas;
- carregamento de pesos, entre outras.
Também entram no grupo de riscos ergonômicos ambientes com infraestrutura de trabalho inadequada, com problemas de ventilação, conforto e iluminação.
Riscos psicossociais
Problemas que afetam a saúde mental e emocional dos trabalhadores de uma empresa são considerados riscos psicossociais. Alguns exemplos são:
- excesso de trabalho;
- alto nível de exigência interna e externa;
- definição de metas impossíveis de serem alcançadas;
- autoritarismo extremo por parte dos líderes e gestores;
- regras em demasia etc.
Riscos mecânicos
Já os riscos mecânicos estão relacionados à estrutura e à organização do local de trabalho, situação que pode colocar em perigo a integridade física de quem usa e circula pelo ambiente. Quanto a isso, compreende-se:
- falta de sinalização;
- irregularidades na parte elétrica;
- produtos armazenados inadequadamente;
- máquinas e equipamentos expostos, destravados ou que podem ser acionados acidentalmente, entre outras condições.
Como aplicar a higiene e segurança do trabalho no dia a dia?
Ter um time interno de especialistas voltados para a higiene e segurança do trabalho depende, principalmente, do porte da empresa.
Isso acontece porque há diversos custos relacionados a essa equipe, por exemplo, os encargos trabalhistas para manter técnicos de segurança do trabalho, médicos e outros profissionais da área de saúde na folha de pagamento da companhia.
Assim, dependendo do faturamento, bem como da quantidade de funcionários que um negócio tem, se torna inviável criar um departamento para essa finalidade.
No entanto, isso não quer dizer que a empresa esteja dispensada dos cuidados com a higiene e segurança do trabalho. Seja uma startup, pequena empresa, ou organizações de portes maiores, todas devem se atentar e promover essas práticas.
Uma forma de atender às legislações e proteger os funcionários de variados riscos é terceirizando essa tarefa, como contratar uma clínica especializada em saúde ocupacional.
Entre os variados serviços que são prestados por uma clínica de medicina ocupacional estão a emissão do PPRA — Programa de Prevenção de Riscos Ambientais e do PCA — Programa de Proteção Auditiva, ambos relacionados à higiene e segurança do trabalho.
Paralelo a isso, e mediante as orientações dos especialistas, a empresa também pode:
- fazer modificações ergonômicas que contribuam para a execução das tarefas e evitem riscos à saúde dos trabalhadores;
- instituir pausas regulares para descanso e alimentação;
- fornecer equipamentos adequados e seguros para cada função;
- ouvir as queixas dos profissionais e buscar meios de saná-las;
- orientar sobre a importância do uso de EPIs e fiscalizar a utilização;
- garantir um ambiente de trabalho seguro fisicamente e agradável emocionalmente;
- promover cursos, treinamentos e manter uma comunicação efetiva sobre o tema.
O que acontece quando a empresa não cuida da saúde e do bem-estar dos seus profissionais?
A higiene e segurança do trabalho afetam diretamente a saúde do profissional. Isso, por sua vez, reflete na sua produtividade, no relacionamento com colegas e líderes e, por fim, na lucratividade da empresa.
Dependendo da situação, os resultados sentidos pela ausência desses cuidados podem afetar a qualidade de vida do funcionário dentro e fora do local de trabalho e, muitas vezes, serem irreversíveis.
Além de descumprirem às legislações e estarem passíveis de penalidades legais, os negócios que negligenciam a higiene e segurança do trabalho podem ter os seus custos elevados e também comprometerem a relação que têm com os seus clientes.
Quanto aos custos, estamos nos referindo aos gerados por afastamentos médicos. Somada às despesas diretas, por vezes, é preciso pagar horas extras para que outros funcionários supram a demanda deixada pelo profissional ausente.
Esse acúmulo de serviço pode resultar em sobrecarga, descontentamento, atritos com outros funcionários e chefias, queda na qualidade e na produtividade e, no fim, afetar negativamente o que precisa ser entregue aos clientes.
Em resumo, a higiene e segurança do trabalho não devem ser vistos apenas como o atendimento às normas trabalhistas, mas sim como um investimento que preserva a imagem da empresa, a saúde dos profissionais e, por consequência, o seu faturamento.
Se quiser saber mais sobre a importância desse tipo de cuidado e os resultados que pode gerar, não deixe de ler o artigo: “Saiba como a segurança do trabalho pode aumentar a produtividade”.