Segurança e medicina do trabalho: qual a diferença?
Na hora de pensar na saúde dos seus funcionários, existem duas áreas distintas que não podem ser negligenciadas na sua empresa: segurança e medicina do trabalho. No entanto, muitos gestores confundem as abordagens, o que compromete não só o bem-estar dos funcionários da companhia, mas também o exercício de suas atividades.
Apesar de haver uma ligação, essas duas áreas têm atuações bem diferentes. No post de hoje, vamos explicar as diferenças entre segurança e medicina do trabalho para ajudar você a entender como aplicá-las dentro da sua empresa. Acompanhe!
O que é segurança do trabalho?
A segurança do trabalho trata da prevenção de acidentes no ambiente profissional. Envolve um conjunto de medidas técnicas que devem ser incorporadas na empresa, eliminando e prevenindo os riscos que as atividades podem apresentar à integridade física dos funcionários.
Além disso, é de responsabilidade da segurança do trabalho educar a mão de obra da empresa, ensinando-a a respeitar as medidas preventivas determinadas para preservar sua capacidade de colaboração.
Essas ações obedecem normas técnicas, as quais buscam proteger o trabalhador tanto dos riscos inerentes à sua atividade (como acidentes com máquinas, contaminação por componentes químicos etc.), quanto de riscos genéricos (como incêndios e choques elétricos).
Os profissionais aptos a atuar dentro dessa área devem ser técnicos ou engenheiros de segurança do trabalho.
Em relação a esse tema, há alguns aspectos que merecem ser aprofundados. A seguir, entenda melhor o que, de fato, é essa abordagem.
As ações são baseadas na ciência
Muita gente ainda tem a impressão de que a segurança do trabalho é uma atuação apenas empírica, ou seja, que se baseia na experiência. No entanto, não há espaços para tentativas e erros quando é a saúde, o bem-estar e a vida das pessoas que estão em jogo.
Então, a segurança é uma ciência tanto quanto o controle de qualidade ou o desenvolvimento de novos processos, por exemplo. Desde a implementação dessa etapa, há diversas abordagens envolvidas, como os estudos de caso, as pesquisas científicas e os consensos de especialistas.
Tudo isso faz com que as boas práticas sejam definidas de forma estruturada e segura. Ou seja, há um ganho de conhecimento prévio para gerar ações realmente efetivas. Assim, há maiores garantias quanto ao bom desempenho em relação às ações colocadas em prática.
É preciso ter uma equipe multidisciplinar
Ao falar em segurança do trabalho, parece que é necessário apenas ter um técnico ou engenheiro. No entanto, os riscos encontrados em um ambiente de laboral são diversos, complexos e devem ser tratados como tal.
Tudo isso faz com que seja indispensável ter uma equipe composta por vários profissionais. Na hora de colocar segurança e medicina do trabalho em prática, é preciso lidar com técnicos e engenheiros de segurança, médicos, enfermeiros e auxiliares.
Ter a participação dos próprios colaboradores, como por meio da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) melhora os resultados preventivos.
As obrigações são previstas por lei
Adotar a segurança do trabalho não se trata de um diferencial, mas, sim, de uma exigência que deve ser cumprida por todo empreendimento. Isso acontece porque as Normas Regulamentadoras são leis que valem para todos os negócios nacionais e, portanto, devem ser seguidas.
É claro que, dependendo do ramo ou do tamanho do estabelecimento, há necessidades diversas. Uma grande construtora, por exemplo, terá que cumprir regras diferentes de uma pequena startup. No entanto, todos devem conhecer a legislação.
Ao total, há 36 normas regulamentadoras válidas de maneira nacional. Elas incluem questões como:
- atividades e operações insalubres;
- equipamentos de proteção individual;
- trabalho em altura;
- ergonomia e assim por diante.
É obrigação do empreendimento conhecer e obedecer a todos esses aspectos de forma completa.
O gasto com segurança não é um custo
Por se tratar de uma obrigação prevista por lei, muitos gestores e empresários encaram os custos com segurança e medicina do trabalho como despesas. O problema é que quando esses elementos são vistos dessa forma, abre-se a porta para insegurança. Diante do interesse de reduzir os gastos, condições inadequadas passam a surgir.
Por outro lado, é válido compreender que esses não são gastos. Na verdade, trata-se de um investimento com grande potencial de retorno.
Quando as ações de prevenção, de conscientização e de acompanhamento são colocadas em prática, as chances de acidentes são reduzidas. Para a empresa, isso significa menores interrupções na produção e diminuição dos custos com indenizações, multas e absenteísmo.
Além disso, é algo que leva a uma melhoria em relação à motivação. Ao final, adotar as medidas corretas gera economia e ajuda a garantir um retorno ampliado.
Os efeitos intangíveis podem ser obtidos
Investir na segurança do trabalho leva a resultados que são mensurados em vários aspectos. Além da redução de acidentes, há a diminuição dos custos em vários cenários. Contudo, também é possível obter efeitos intangíveis.
Com um ambiente mais seguro e que valoriza o bem-estar dos colaboradores, os funcionários se sentem dispostos e engajados. Dessa forma, o aumento na motivação garante uma ampliação da produtividade e da satisfação. Ao final, o empregador é visto de um jeito melhor e responsável.
A aquisição desses efeitos intangíveis faz com que o empreendimento se torne mais robusto e preparado para lidar com certas demandas. Desse modo, o investimento traz um retorno além do que pode ser medido de forma física.
O que é medicina do trabalho?
A medicina do trabalho, por sua vez, é a área que atua preservando a saúde do empregado e é especialmente ligada às doenças ocupacionais e profissionais. Ela age em todas as frentes, prevenindo, diagnosticando e tratando as doenças que podem ser causadas pela atividade exercida no emprego.
O grande objetivo da medicina do trabalho é preservar a qualidade de vida do funcionário, incluindo sua saúde física, mental e social.
Juntamente a isso, deve-se também avaliar a capacidade colaborativa do colaborador para exercer a atividade que lhe foi designada por meio de exames médicos ocupacionais, tais como o admissional, demissional, periódicos e de mudança ou retorno de função.
Nesse caso, os profissionais devem ser graduados na área da saúde, como médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem.
A aplicação no trabalho
Por definição, as doenças ocupacionais e as do trabalho são consideradas acidentes laborais. Ou seja, evitá-las e diminuir os seus riscos é uma obrigação do empregador em relação aos seus colaboradores.
Além de identificar e mitigar os riscos do ambiente laboral, é preciso recorrer à medicina do trabalho. Essa abordagem tem diversas aplicações. Ela funciona desde para a promoção e a preservação da saúde como para a diminuição das consequências das possíveis condições.
Como parte da prevenção, a aplicação da medicina do trabalho inclui a criação de programas de vacinação, por exemplo. Já em relação à redução dos impactos, é essencial contar com atividades de resgate quanto a emergências e com primeiros socorros. Assim, todos os funcionários ficam protegidos.
As funções do médico do trabalho
Nessa abordagem, o médico do trabalho é o profissional mais importante. Ele detém a maior capacidade técnica para prever, mitigar e lidar com os riscos envolvidos no ambiente ou na execução das atividades.
Para garantir a proteção da saúde e a promoção de ações que visam ao cuidado, o profissional tem algumas funções essenciais. Entre elas, estão:
- realizar consultas e atendimentos médicos de prevenção, rotina e/ou emergência;
- analisar os riscos dos cargos e do ambiente para a saúde e elaborar ações de mitigação;
- criar programas de prevenção e conscientização sobre a saúde;
- desenvolver medidas para o controle de doenças infecciosas ou transmitidas por vetores;
- realizar exames necessários de forma individual ou coletiva para garantir a segurança;
- elaborar relatórios sobre as atividades, com informações pertinentes e outras ações.
Então, o médico precisa ter atenção com todos os aspectos que envolvem o cuidado e a proteção dos colaboradores. A abordagem também servirá para direcionar outros profissionais, como os enfermeiros e técnicos na atenção com a saúde.
Os exames realizados
Para garantir a atuação adequada dos colaboradores, é função do médico realizar alguns exames básicos. Eles servem para acompanhar a saúde dos colaboradores e entender, de fato, quais são os impactos no organismo de cada pessoa. A seguir, veja quais são os exames mais importantes quando se fala em segurança e medicina do trabalho.
Admissional
Como o nome indica, é feito assim que alguém é contratado, antes de começar a exercer uma função dentro da empresa. O objetivo é identificar quais são as condições prévias de saúde, como doenças crônicas ou quadros que devem ser tratados.
A realização desse exame tem três interesses principais:
- descobrir se o profissional está apto a desempenhar as tarefas às quais será designado (como se é capaz de ouvir e enxergar dentro do que é exigido para o trabalho);
- prever quais são os aspectos de saúde que exigem maior atenção para realizar ações de prevenção e evitar afastamentos (como obesidade, tabagismo, problemas osteomusculares etc.);
- criar uma base de comparação para compreender, na saída da empresa, quais foram os impactos da função na saúde do trabalhador.
Nessa etapa, são feitos procedimentos como medição da pressão arterial e da frequência cardíaca, avaliação da postura e de condições específicas ligadas à atividade (como o condicionamento físico). Também é feita uma análise psicológica do profissional.
Demissional
Já o exame demissional é feito quando o indivíduo deixa a empresa de forma definitiva — seja por vontade própria, seja por demissão por parte do empregador. O médico do trabalho é o responsável por analisar a saúde do profissional de maneira completa.
O interesse é verificar se a ocupação gerou algum tipo de impacto negativo à saúde. Por meio desse mecanismo, é mais fácil compreender se o empreendimento tem responsabilidade indenizatória sobre o colaborador.
Após a bateria de exames, é emitido um Atestado de Saúde Ocupacional (ASO), o qual determina se existe alguma responsabilização extra.
Periódico
O cuidado com a segurança e medicina do trabalho deve ser constante, certo? Por isso, a atenção aos elementos de saúde não deve acontecer apenas de forma pontual, como na admissão ou na demissão.
Entre os exames necessários, os periódicos são importantes para o acompanhamento da saúde. Quando eles são feitos com o intervalo correto, é possível diagnosticar doenças logo no começo, o que aumenta a efetividade do tratamento.
O período de realização depende dos riscos envolvidos na função e em relação ao trabalhador. Atividades como as que são feitas em altura, com grande esforço físico ou em condições inseguras, normalmente, exigem uma atenção mais frequente.
Mudança de função
Em alguns cenários, o colaborador é transferido de um cargo para outro. Embora esteja dentro da mesma empresa, é obrigatório realizar um exame em relação à mudança de função.
De certo modo, ele tem os mesmos objetivos do admissional. Com a sua execução, dá para saber se o colaborador está apto às novas responsabilidades e até se o cargo anterior causou algum problema de saúde.
Em geral, ele é mais importante quando a mudança de função também leva a uma transformação quanto aos riscos. Nesses casos, é imprescindível conhecer os aspectos de saúde para elaborar um bom acompanhamento.
Retorno ao trabalho
Para garantir a segurança de todos, o médico deve realizar exames em funcionários que estiveram afastados por um período superior a 30 dias. Independentemente da causa — doença e acidente de trabalho ou não —, é preciso fazer a verificação dos aspectos de saúde.
O objetivo, em primeiro lugar, é entender se o colaborador está apto a desempenhar as funções para as quais está designado. Também é uma medida necessária para registrar alterações decorrentes da licença.
Imagine um colaborador que se machucou fora da empresa e teve uma fratura óssea. Em seu retorno após a licença, o médico do trabalho identificará a fratura e suas consequências. Com o devido registro, o funcionário não poderá dizer, no futuro, que as dores na região foram decorrentes apenas do exercício da função. Desse modo, há maior segurança para ambos os lados.
As ações de mitigação
Quando se fala em segurança e medicina do trabalho, é impossível não citar as ações de mitigação. Ambas as abordagens são voltadas para a prevenção, então, é necessário desenvolver medidas para evitar possíveis problemas decorrentes da ocupação profissional.
Em relação à medicina, há diversas medidas que podem ser adotadas. A criação de programas de vacinação evita a transmissão de doenças, o que faz baixar a taxa de absenteísmo e melhora a proteção aos trabalhadores.
Também é possível desenvolver ações de conscientização. Uma em relação ao alcoolismo auxilia a reduzir a prevalência do vício e estimula as pessoas a buscarem ajuda. Já um programa de nutrição promove a alimentação saudável, de modo a evitar ou diminuir problemas como a obesidade. Mesmo abordagens em relação à saúde mental são importantes, já que previnem quadros como depressão e ansiedade.
Há, ainda, ações para abreviar certos efeitos corporais. A promoção de ginástica laboral é um meio de evitar ou reduzir os impactos osteomusculares das atividades. Com isso, menos trabalhadores sofrem com problemas de coluna ou com dores musculares.
Não existe uma cartilha única para lidar com a saúde dos funcionários. O recomendado é criar o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, instituído pela CLT. Ele define quais são as formas de colocar a medicina do trabalho em prática e quais são as ações mais importantes para cada nível de risco.
Afinal, qual a diferença entre segurança e medicina do trabalho?
Enquanto a medicina do trabalho se preocupa em manter e preservar a saúde e a qualidade de vida do funcionário, a segurança garante a integridade física do mesmo e preservação da sua vida.
Ambas as áreas, portanto, se complementam, sendo responsáveis por zelar pela melhoria do ambiente e assegurar condições dignas de execução das atividades para toda a equipe da empresa.
As duas abordagens são obrigatórias e previstas pelas leis trabalhistas. O negócio, então, deve se preocupar em executar as medidas adequadas para aumentar a proteção da força de trabalho e para garantir o cumprimento dos deveres.
Como colocar segurança e medicina do trabalho em prática?
Para que as duas abordagens sejam executadas, o empregador deve, em primeiro lugar, reconhecer quais são as suas obrigações. Dependendo do nível de risco do trabalho, bem como do tamanho da empresa, há a necessidade de desempenhar algumas tarefas específicas.
Em seguida, é o momento de planejar e começar a executar as obrigatoriedades. Elaborar a Comissão Interna para Prevenção de Acidentes (CIPA) e concluir um levantamento do ambiente são duas tarefas iniciais importantes.
Porém, não é preciso fazer tudo sozinho. Para ter maior proteção e resultados dentro do previsto, é recomendado contar com o apoio de uma empresa de bem-estar corporativo. Desse modo, é possível maximizar os efeitos de segurança e medicina do trabalho.
Antes da contratação, pesquise muito bem as opções, conheça a reputação do negócio e veja se ele atende às necessidades específicas. Assim, é possível obedecer à legislação sem maiores preocupações.
A segurança e medicina do trabalho são assuntos que devem ser discutidos constantemente entre empregadores e funcionários. Investir nessas áreas é de fundamental importância para reduzir acidentes e doenças ocupacionais no ambiente profissional, além de trazer diversos outros benefícios tanto para a empresa, quanto para os colaboradores.
E aí, gostou do nosso post? Quer saber mais sobre o mundo da segurança do trabalho? Assine a nossa newsletter e receba conteúdo inédito em sua caixa de entrada!
Gosto muito desta passagem que se trata da Medicina e segurança no trabalho porque é muito importante para as empresas seguirem estes exemplo…
Gostaria de saber mais sobre a Medicina e Segurança no Trabalho
Assine nossa newsletter!