Higiene e segurança do trabalho: os erros mais comuns e as medidas mais adequadas
Higiene e segurança do trabalho são conceitos que visam promover o cuidado com a saúde e com o bem-estar dos profissionais durante o exercício das suas funções.
Na prática, é possível dizer que se trata de medidas que as empresas adotam a fim de evitar acidentes de trabalho e/ou o desenvolvimento de doenças decorrentes das atividades laborais realizadas por seus funcionários.
A ideia por trás da aplicação da higiene e segurança do trabalho em uma organização é entregar aos colaboradores locais seguros e saudáveis para que possam realizar as suas tarefas diariamente.
Além de ser uma exigência legal, a atenção a esse ponto ajuda a elevar a produtividade e nível de satisfação dos colaboradores, assim como contribui para que a empresa reduza os gastos relativos a afastamentos médicos resultantes de problemas de saúde dos trabalhadores.
No entanto, ainda que a prática e a aplicação da higiene e segurança do trabalho seja algo tão importante e necessário, muitos gestores ainda as negligenciam, ou aplicam o conceito cercado de erros e falhas.
Quais seriam os enganos mais comuns dessa área? Como evitá-los? O que é preciso para adequar a empresa em um cenário pós-pandemia? Confira essas e outras respostas sobre esse tema agora, neste artigo. Por isso, continue a leitura!
Qual a relação entre higiene e segurança do trabalho?
Para falarmos sobre a relação entre higiene e segurança do trabalho é preciso, primeiro, explicar o que significa cada um desses conceitos.
Higiene do trabalho
A higiene do trabalho pode ser definida como uma ciência que tem como principal objetivo garantir a integridade física e mental dos trabalhadores de uma empresa durante o exercício das suas atividades laborais.
A American Conference of Governmental Industrial Hygienists, ACGIH, define que a aplicação da higiene do trabalho seja dividida em três fases, que são o reconhecimento, a avaliação e o controle.
Na etapa de reconhecimento, cabe aos técnicos em segurança do trabalho identificar, em toda a empresa, a presença de agentes nocivos à saúde das pessoas que frequentam aquele ambiente, tais como poeira, fluidos, gases etc.
A avaliação consiste em reconhecer e definir o perfil dos agentes identificados, ou seja, se são físicos, químicos ou biológicos.
A última etapa da higiene do trabalho diz respeito à adoção de medidas que têm por principal objetivo diminuir, ou até eliminar, os riscos encontrados e identificados nas fases anteriores.
Segurança do trabalho
Já segurança do trabalho são todas as medidas e ações adotadas por uma companhia que têm por principal objetivo evitar que os funcionários causem ou sofram acidentes durante a realização das suas tarefas profissionais.
A segurança do trabalho é uma prática regida pela Norma Regulamentadora nº 4 – Serviços Especializados em Segurança e em Medicina do Trabalho – SESMT, cuja proposta e finalidade é assegurar locais de trabalho que garantam a saúde física e mental dos colaboradores, além de bem-estar e qualidade de vida.
Para alcançar essas metas e atender às definições da NR nº4, cabe às organizações adotarem uma série de medidas e ações que ajudem a orientar os profissionais quanto a esse cuidado.
Com isso, é possível minimizar, ou até mesmo eliminar, o risco de possíveis acidentes no ambiente de trabalho, situação que afeta não apenas a vida, a saúde e a rotina do funcionário atingido, mas também seus familiares, e a dinâmica da empresa.
A relação entre higiene e segurança do trabalho
Com essas definições sobre higiene e segurança do trabalho, fica mais fácil compreender a relação entre esses dois conceitos.
Dessa forma, é possível dizer que a principal proposta da implementação de ações voltadas para a promoção da higiene e segurança do trabalho em uma empresa é cuidar e preservar a saúde dos trabalhadores durante o exercício das suas responsabilidades laborais.
A aplicação dessas medidas visa diminuir o risco que as atividades realizadas durante a jornada de trabalho possam trazer para os profissionais, tais como colocar em risco o seu bem-estar físico e mental.
Aqui, vale lembrar que negligenciar esses pontos tende a comprometer a qualidade de vida dessas pessoas dentro e fora do ambiente de trabalho. Para a organização, pode trazer prejuízos financeiros, de relacionamento entre líderes e liderados, queda na produtividade e nos resultados dos produtos e serviços que são entregues aos clientes.
Quais são os erros mais comuns em higiene e segurança do trabalho e como evitá-los?
Mas como dissemos no início deste artigo, por mais que a promoção da higiene e segurança do trabalho seja algo obrigatório em todas as empresas — inclusive, regido por normas e legislações —, é normal que haja erros na sua execução.
Entre os mais comuns e recorrentes estão:
- ver o setor de Higiene e Segurança do Trabalho apenas como mais um departamento
- não promover a cultura da Higiene e Segurança do Trabalho
- adiar manutenções e consertos
- deixar de acompanhar o uso dos EPIs
- não usar a tecnologia a favor da empresa
Ver o setor de higiene e segurança do trabalho apenas como mais um departamento
Infelizmente, ainda acontece de algumas companhias verem o setor de higiene e segurança do trabalho apenas como mais um departamento necessário para o funcionamento e legalização do negócio.
Isso tira desse setor a sua real importância, além de abrir margem para o cometimento de erros e falhas que podem ter resultados bem graves, dependendo da sua proporção, a exemplo de facilitar condições que colaborem para que acidentes de trabalho aconteçam.
O ideal é que o departamento de higiene e segurança do trabalho — o qual, muitas vezes, funciona atrelado à medicina do trabalho — seja parte da cultura do negócio.
Isso quer dizer que os profissionais (técnicos) dessa área devem estar presentes na vida dos funcionários e na rotina da empresa, adotando, diariamente, ações e procedimentos voltados para a prevenção de incidentes que coloquem em risco a integridade física e mental dos trabalhadores.
Quanto a isso, é possível considerar também que o setor de higiene e segurança do trabalho pode fazer parte do planejamento estratégico do negócio, considerando que a sua atuação ajuda a evitar gastos provenientes com essas ocorrências, a exemplo de afastamentos médicos para tratamento de saúde e até mesmo casos de processos judiciais por negligência.
Não promover a cultura da higiene e segurança do trabalho
Seguindo a mesma linha do erro anterior, não promover a cultura da higiene e segurança do trabalho tende a trazer vários problemas para as organizações.
Um bom exemplo do que queremos dizer com isso é a não inclusão da participação dos funcionários nesse processo, condição que é essencial para a promoção da conscientização da importância desses dois conceitos.
É bem importante destacarmos que propagar a higiene e segurança do trabalho é uma forma de aumentar a atenção e o cuidado dos trabalhadores durante o exercício das suas funções. Isso tende a acontecer porque o tema passa a fazer parte, naturalmente, de suas rotinas.
Ações e medidas com o objetivo de difundir o tema são essenciais para que os profissionais tenham ciência de quais ações a empresa está pondo em prática. Somado a isso, a propagação de boas orientações e informações evita que os trabalhadores adotem costumes equivocados que podem, inclusive, colocar sua segurança e de demais colegas em risco.
Para atingir esse propósito, a criação de uma CIPA, Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, é uma das maneiras de realizar uma boa gestão de prevenção a acidentes de trabalho.
Somado a isso, palestras, seminários, feiras e outras práticas relacionadas fazem toda a diferença na hora de transmitir conhecimento e orientação aos profissionais da companhia.
Adiar manutenções e consertos de equipamentos
A manutenção de equipamentos, seja ela preventiva, seja ela corretiva, também pode ser vista como uma forma de fomentar a higiene e segurança do trabalho.
O principal motivo é que ações desse tipo ajudam a evitar acidentes, situação que gera a maioria dos resultados negativos que já citamos aqui.
No entanto, geralmente por questões financeiras, é comum que gestores adiam essas manutenções, deixando para realizá-las apenas quando maquinários e equipamentos apresentam falhas que tornam impossível a sua utilização.
De acordo com o dispositivo, sua aplicação e forma de uso, essa forma de gerenciamento tende a gerar ainda mais gastos para o negócio, e não economia, como muitos pensam.
Por exemplo, maquinários quebrados podem parar uma linha inteira de produção, comprometendo o volume de produção da marca e a entrega dos pedidos a clientes e parceiros de negócio.
Além disso, se a falta de manutenção desses equipamentos resultar em um acidente de trabalho, a companhia pode ser considerada negligente, condição que pode levar a processos judiciais trabalhistas e a uma série de consequências relacionadas.
Deixar de acompanhar o uso dos EPIs
Os EPIs, Equipamentos de Proteção Individual, são primordiais para garantir a segurança dos trabalhadores durante a realização das suas funções laborais.
Cabe às companhias não apenas fornecê-los, mas também orientar como deve ser o uso e fiscalizar essa utilização.
Deixar de fazer o acompanhamento dos equipamentos de proteção individual, todos os dias, pode resultar em problemas como:
- aumento no número de acidentes de trabalho;
- aumento no número de afastamentos médicos;
- queda na produtividade;
- perda da qualidade de vida dos profissionais;
- desentendimento entre gestores e colaboradores quanto a importância do uso obrigatório dos EPIs;
- incidência de multas para as empresas em caso de fiscalizações externas e/ou denúncias de negligência;
- possibilidade de sofrer interdições e processos judiciais;
- necessidade de pagar indenizações a funcionários ou pensões aos familiares quando acontecem acidentes graves ou mesmo fatais.
Não usar a tecnologia a favor da empresa
Outra boa forma de promover a higiene e segurança do trabalho, mas que, por vezes, é deixada de lado pelos gestores, é utilizar a tecnologia em favor da companhia.
Por exemplo, a adoção de automação industrial, com sistemas que bloqueiam e desligam equipamentos em situações de emergência, é uma das medidas relacionadas a essa questão.
Há também sistema próprios para identificar, previamente, possíveis falhas em maquinários, o que ajuda a realizar a manutenção necessária antes da sua parada total ou, ainda mais grave, antes que esse erro cause um acidente de trabalho.
Quais são as melhores práticas, medidas e mudanças em tempos de pandemia?
As ações voltadas para a higiene e segurança do trabalho sempre foram essenciais para criar uma empresa com clima seguro e satisfatório para os profissionais. No entanto, com a chegada da pandemia do novo coronavírus, essa prática se tornou ainda mais importante.
Durante o período mais intenso de contágio, as medidas com foco em higiene e segurança do trabalho foram primordiais em companhias que continuaram operando presencialmente.
Mas mesmo com a propagação do vírus reduzindo e com um número cada dia maior de pessoas vacinadas, os gestores não podem diminuir os cuidados adotados até então.
Como boas práticas em um cenário pós-pandemia, entre os protocolos mais indicados que merecem ser mantidos estão:
- manter as orientações dos trabalhadores quanto a forma como as doenças se propagam;
- propiciar formas de os profissionais realizarem sua higiene pessoal, como a oferta de produtos de higiene e limpeza, a exemplo do álcool em gel, sabonetes líquidos, papel-toalha, entre outros;
- continuar com a higienização adequada dos locais de trabalho, com ênfase aos de uso comum, como refeitórios e banheiros;
- criar campanhas informativas para difundir as medidas de proteção atualizadas, as quais são definidas pelos órgãos responsáveis pela saúde nacional e modificadas conforme acontece a evolução da pandemia acontece no nosso país.
Como você pôde ver, garantir a higiene e segurança do trabalho é uma forma de propiciar aos funcionários da sua empresa mais saúde e qualidade de vida.
Do ponto de vista gerencial e estratégico, as ações relacionadas a essa prática evitam gastos gerados por acidentes de trabalho, incluindo afastamentos médicos e até processos trabalhistas.
Que a higiene e segurança do trabalho são essenciais para a entrega de um ambiente de trabalho seguro e agradável, isso não restam dúvidas. A pergunta que fica é, como tornar isso uma realidade no seu negócio?
Um dos caminhos é criar um departamento interno próprio para atender a essa necessidade. Porém, dependendo do porte da empresa, essa opção se torna inviável.
Assim, o meio mais indicado é terceirizar esse serviço. Não sabe como fazer isso? Então leia agora mesmo o artigo: “Vale a pena terceirizar a medicina do trabalho?”